Já virou tradição. No segundo dia da Reunião Anual da Fermentec os assuntos sobre fermentação, indústria e agrícola são interrompidos para dar espaço a reflexões sobre o comportamento humano. Após as participações nas últimas edições do professor Gretz, Leila Navarro e professor Marins, o convidado desta vez foi Marcelo Gleiser, físico, astrônomo, escritor e professor do Dartmouth College, dos Estados Unidos. Marcelo Gleiser é colunista do jornal Folha de S. Paulo e já apresentou diversos programas na televisão, entre eles National Geographic, Discovery Channel e um quadro no Fantástico.
![reuniao anual segundo dia (45)](https://fermentec.com.br/wp-content/uploads/2012/06/reuniao-anual-segundo-dia-45.jpg)
Em sua palestra, Gleiser abordou um dos principais questionamentos da humanidade. Afinal, quem somos? Após apresentar o pensamento de Platão, Aristóteles e as teorias de Kepler, Copérnico e Galileu Galilei sobre a criação do universo, o professor afirmou que a ciência põe o homem de volta ao centro do universo, o que ele chama de “humanocentrismo”. Assim, o ser humano se encontra diante de uma nova ética global e precisa adotar uma nova relação com o planeta, sobretudo na questão ambiental. Para o professor, a Reunião Anual foi uma grande oportunidade para compartilhar conhecimento com uma indústria tão crucial para o Brasil “Espero que a inovação tecnológica da exploração da cana de açúcar continue sendo prioridade para que, juntos, possamos não só prosseguir com a emancipação econômica de nosso país, mas também com a preservação ecológica de nosso meio ambiente e de nosso planeta”, afirmou Gleiser.
Pesquisas: análises, quantificações e determinações
![claudemir bernardino](https://fermentec.com.br/wp-content/uploads/2012/06/claudemir-bernardino.jpg)
De volta para os assuntos do setor na Reunião Anual, algumas palestras abordaram a importância da tecnologia e metodologias para as análises de amostras. Claudemir Bernardino, da Fermentec, mostrou comparações entre as metodologias da prensa e do digestor para a determinação dos índices de ART, ferramenta importante para o pagamento de cana. Segundo Claudemir os dois métodos sofreram alterações ao longo dos anos e a metodologia da prensa, a partir de 2001, tem apresentado resultados de POL % cana e fibra % cana muito próximos aos obtidos com o digestor. Para se chegar a esta conclusão foram necessários inúmeros testes por causa da variação dos índices de impureza vegetal e mineral e valores de open cell. Essas variáveis afetam significativamente os resultados, principalmente com relação ao tipo de cana utilizada (com queima, sem queima, corte manual ou colheita mecanizada).
![eduardo borges](https://fermentec.com.br/wp-content/uploads/2012/06/eduardo-borges.jpg)
Já Eduardo Borges apresentou a melhora na determinação de polissacarídeo total, com a substituição de reagente tóxico, e resultados da determinação de oligossacarídeos em caldo de cana. Em relação à análise de polissacarídeo totais, Borges apresentou um trabalho mostrando a substituição do fenol, substância tóxica e cancerígena, pelo ácido cítrico sem a necessidade de modificar o procedimento analítico ou fazer o investimento em equipamentos e reagentes caros. Já os oligossacarídeos foram determinados pelo método HPAEC-PAD e foi demonstrado que a concentração destas substâncias é maior em caldos com maior quantidade de ponta e palha e também em caldos com alta contaminação por microrganismos. Os oligossacarídeos podem causar problemas na qualidade do açúcar e interferir na análise de ART pelo método de Eynon-Lane e Somogyi-Nelson, subestimando os cálculos de rendimento e balanço do açúcar ou ainda superestimando a concentração de açúcares residuais no vinho. “A determinação de oligossacarídeos, assim como a de manitol, é uma importante ferramenta para o controle da qualidade da matéria-prima, pois é possível correlacionar essas substâncias com cana deteriorada e/ou com a concentração de dextrana”, explicou Eduardo Borges.
![fernando henrique giometti](https://fermentec.com.br/wp-content/uploads/2012/06/fernando-henrique-giometti.jpg)
Os objetos de estudos de Fernando Henrique C. Giometti são os dispersantes. Segundo ele, é preciso uma aplicação mais otimizada para prevenir a formação de espuma. Isso porque a interação entre linhagem de levedura e velocidade de fermentação pode explicar porque muitas vezes é necessário complementar a aplicação de dispersantes com antiespumantes. A espuma reduz o aproveitamento da capacidade da dorna, gera dificuldades operacionais como incrustações, problemas na assepsia e aumento da probabilidade de contaminação na dorna, tudo isso reduz o rendimento fermentativo. Além disso, aumenta o consumo de insumos na usina, como os antiespumantes, elevando os custos de produção do etanol.