Simtec 2012
No Simtec 2012, o Painel Fermentec apresentou soluções e desafios para um novo cenário na produção de etanol e açúcar. Na parte agrícola, Fernando Henrique C. Giometti mostrou as mudanças pelas quais o setor está passando com a implantação da colheita mecanizada. Há unidades que colhem até 98% da cana de forma mecanizada. A cana crua possui muitas vantagens como o menor tempo de entrega, menor contaminação e menor carga microbiológica. Já as desvantagens incluem a diminuição na densidade de carga para o transporte e mais impurezas vegetais que aumentar a concentração de substâncias que podem afetar o rendimento, tanto para o álcool quanto para o açúcar.
Para adaptar as usinas a esses problemas da cana crua, a Fermentec desenvolve pesquisas para identificar a melhor forma de reduzir o impacto das impurezas. Algumas medidas já se mostraram eficientes com adequações no layout das fábricas para reduzir o tempo de retenção dos caldos e massas, calagem a quente com redução do consumo de cal e rígido controle do pH na fabricação do açúcar para diminuir as reações indesejáveis de destruição de açúcar e formação de cor.
Já Mário Lúcio Lopes mostrou as vantagens da utilização de leveduras tolerantes ao alto teor alcoólico. Em uma usina, quanto maior o teor alcoólico que se trabalha na fermentação, maior é a redução no volume de água (pode ser reduzida à metade) e, consequentemente, menor produção de vinhaça, também podendo ser reduzida pela metade. Segundo Lopes, um carro abastecido com etanol em uma viagem de Piracicaba a São Paulo contribuiu para a produção de 180 litros de vinhaça. Durante a apresentação, uma tabela mostrou a proporção entre teor alcoólico e produção de vinhaça. Para uma fermentação com 5% de teor são produzidos 20 litros de vinhaça, ao passo que o processo com 18% reduz o subproduto a 5 litros.
Para fazer fermentação com alto teor alcoólico, além de promover algumas modificações no processo, é fundamental a seleção de leveduras tolerantes para a eficiência do processo. Hoje a Fermentec possui leveduras mais robustas para trabalhar com diferentes concentrações de álcool e diferentes qualidades de mosto.
Seguindo a mesma linha, a palestra do presidente da Fermentec, Henrique Amorim, destacou as pesquisas sobre a seleção de leveduras que, após 20 anos, chegou a um novo estágio. “Por que as leveduras aparecem e desaparecem do processo? As mudanças na qualidade da matéria prima são determinantes para o aparecimento ou desaparecimento de uma levedura na fermentação”, afirmou Amorim. Agora, o foco das pesquisas é a seleção dirigida pelo processo. A mudança do ambiente tem provocado mutações em leveduras como na PE-2, a mais utilizada no Brasil. Por isso, só há uma forma de evoluir nas pesquisas: com as análises das linhagens na fermentação.
Um estudo realizado por seis anos na usina Colombo revelou o surgimento de quatro novas leveduras que, com a análise do DNA mitocondrial, se chegou à conclusão que eram “filhas”, “netas” e “bisnetas” na levedura PE-2. É um dos casos que sinaliza uma nova direção na pesquisa para encontrar a levedura ideal. Segundo Amorim, para identificar as melhores linhagens e suas variantes é indispensável investir em metodologias de análise. Finalmente, para chegar a uma levedura ideal, Amorim aconselha a utilização de uma mistura de leveduras que tenha pelo menos uma linhagem com grande plasticidade e capacidade de mutação.
Este ano, o Painel Fermentec contou com a participação do consultor Thales Velho Barreto, consultor da empresa Velho Barreto e Associados. Thales mostrou o funcionamento da destilação em duplo efeito (pressão e vácuo) para a economia de vapor nas destilarias. A redução deste consumo tem algumas condições como o aumento do teor alcoólico do vinho, no mínimo em 8%, e a otimização no número de pratos na coluna de destilação. Baseado em estudo de casos, o consultor mostrou que com o método do duplo efeito é possível economizar vapor em relação aos métodos convencionais.
Veja abaixo mais imagens do Simtec 2012
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