Na abertura da 35ª edição da Reunião Anual da Fermentec, o presidente Henrique Amorim destacou que só sobreviverá no setor sucroenergético aqueles que se adaptarem às exigências tecnológicas e de mercado dentro de uma integração entre diversas áreas. Além da pesquisa e transferência de tecnologia, a Fermentec conta agora com a engenharia de processos que fecha o elo da integração completa.
Os palestrantes convidados foram na mesma linha no primeiro dia de palestras. Guilherme Nastari, da Datagro, mostrou como a produção de cana avançou de 60 milhões de toneladas no começo da década de 70 para mais de 600 milhões de toneladas nos dias atuais. Com a expectativa que a demanda alcance 1 bilhão de toneladas em 2020 a inovação, atrelada a estímulos governamentais, serão determinantes para o crescimento do setor “historicamente o setor teve uma capacidade de renovação e de criar novos produtos, por isso existe uma grande oportunidade de aumento de eficiência neste setor tão estratégico para o país”, afirma Nastari.
Já Carlos Araújo, da consultoria Mackensie Agrobusiness, enfatizou que a redução dos custos deve ser feita por ambiente de produção. Ele citou o exemplo de uma usina que 61% do custo para a produção de um saco de açúcar vem da agrícola “a partir deste diagnóstico é preciso avaliar onde é possível racionalizar os custos, como a adoção do plantio direto e a aplicação mais eficiente de insumos”, afirmou Araújo. O consultor concluiu apresentando os três pilares para otimizar os custos de produção: planejamento, fermentação com alto teor alcoólico e a implantação de usinas flex para garantir alternativas de matéria-prima.
Ainda com foco na agrícola, o pesquisador da UFSCar, Hermann Hoffmann, as recentes mudanças no setor, como o advento da colheita mecanizada, trouxe novos desafios no combate às pragas e doenças. Há casos em que a infestação por pragas consomem R$ 200 por cada hectare de cada, representando um grande prejuízo. Por isso os estudos sobre novas variedades e cruzamentos de cana são frequentes “tivemos muito sucesso com a variedade das RBs, que hoje estão presentes em mais da metade dos plantios de cana do Brasil e estamos estudando mais de vinte variedades diferentes para garantir aumento da produtividade e maior ganho de ATR”, concluiu.
Encerrando as palestras sobre a agrícola, o engenheiro agrônomo José Tadeu Coleti reforçou que sistema de plantio pode interferir na qualidade final da matéria prima como consequência, mas o sistema de colheita é o maior definidor de maior ou menor grau de impurezas “Tudo acontece e fica evidenciado na colheita, como traçados mal dimensionados, fluxo viário de carreadores, mobilidade canavieira e conciliação de ambientes”, explicou. Por isso, no planejamento devem ser usados métodos de engenharia civil para que seja feito um trabalho sistematizado e com o controle de tráfego adequado.
Novidades em pesquisas também foram apresentadas
Além dos convidados, os profissionais da Fermentec apresentaram diversos resultados de pesquisas para a realização de medições mais precisas e os desafios para a indústria diante da cana crua, como o maior nível de impurezas e a interferência na qualidade do açúcar. Na parte de produção de energia e etanol os destaques foram os ensaios sobre a fermentação do milho com o caldo de cana e o grande potencial que o Brasil tem para a produção de biogás a partir da biomassa. Mesmo com tantos avanços alcançados desde a década de 70, diretor operacional da Fermentec, Henrique Amorim Neto, alertou que a diferença entre o RTC entre as unidades clientes chega a 15%, o que equivale a R$ 39 milhões. Por isso, o setor ainda tem muito a investir e melhorar.