Primeiro Webmeeting Fermentec: 1500 participantes em 12 horas de conteúdo on-line

A primeira edição do Webmeeting Fermentec reuniu mais de 1500 participantes que puderam acompanhar ao vivo pelo YouTube mais de doze horas de conteúdo em quatro noites de transmissões com o apoio de 17 empresas patrocinadoras. A programação foi dividida entre os dias 14 e 17 de setembro em cinco painéis, sendo etanol de milho, fermentações inteligentes, açúcar, melaço de soja e controle analítico com as novidades e tendências do setor sucroenergético nacional e do exterior.

A Fermentec realiza em todos os meses de julho a Reunião Anual, um dos eventos mais tradicionais do setor sucroenergético nacional. Este ano, a Fermentec estava com tudo preparado para realizar a Reunião Anual nos dias 29 e 30 de julho, novamente na cidade de Ribeirão Preto, mas a proibição de eventos por conta das medidas de isolamento social adotadas no final de março no estado de São Paulo para o enfrentamento da Covid-19 forçou uma mudança de planos.

Para seguir contribuindo com conhecimento e aproveitar o conteúdo da Reunião Anual que já estava preparado, foi realizado o Webmeeting Fermentec, que agora vai fazer parte do calendário dos grandes eventos do setor no Brasil “o evento surgiu da necessidade de seguir contribuindo com as empresas na impossibilidade de fazer a Reunião Anual, mas a repercussão foi tão positiva que em 2021 teremos a Reunião Anual, se as condições sanitárias permitirem, e também o Webmeeting que será aberto ao público em geral da mesma forma como ocorreu nesta primeira edição”, explica Marcel Salmeron Lorenzi, PMO da Fermentec e coordenador do Webmeeting.

O Webmeeting teve em seus painéis palestras relacionadas aos temas, apresentações dos patrocinadores e ao final todos os participantes entravam em uma sala no Zoom para fazer perguntas no grande debate.

Ao final de cada painel os participantes se reuniam pelo Zoom para participar do grande debate

Confira como foram os quatro dias do primeiro Webmeeting Fermentec.

Abertura

Henrique Vianna de Amorim: capacitação e conhecimento são peças fundamentais nas organizações

O fundador da Fermentec, Henrique Vianna de Amorim, abriu o primeiro evento digital da Fermentec destacando o papel do conhecimento “uma ideia disruptiva pode surgir em um momento de lazer, fora do trabalho, quando a mente está aberta e descuidada, mas antes é preciso fazer o feijão com arroz”, prosseguiu Amorim. É preciso ler artigos, pesquisar, entender porque algo deu certo ou porque deu errado. A Fermentec foi a primeira empresa a usar regressões simples e múltipla no setor, além de desenvolver leveduras personalizadas, entre tantas outras tecnologias que trazem vantagens econômicas significativas “para tudo isso acontecer, a capacitação e o conhecimento são peças fundamentais nas organizações”, destacou Amorim.

Henrique Amorim Neto destacou a implantação da usina 4.0 e o papel do setor na sustentabilidade

Já o presidente da Fermentec, Henrique Berbert de Amorim Neto, ressaltou como a pesquisa e a tecnologia estão possibilitando o aproveitamento de todo potencial da cadeia de etanol, que passa por uma diversificação das matérias-primas e de produtos em processos totalmente sustentáveis. Essas mudanças, aliadas à implantação da usina 4.0, exigem capacitação constante “mesmo em meio aos problemas enfrentado hoje com a pandemia, o conhecimento não pode parar e o Webmeeting veio para contribuir com muito conteúdo e debates enriquecedores”, concluiu Henrique Neto.

Painel Etanol de Milho

Quem abriu o painel de etanol de milho foi o professor da USP de Ribeirão Preto, Marcos Fava Neves, que falou sobre a expectativa altamente favorável para o futuro. Hoje já são produzidos 1,6 bilhão de litros de etanol de milho, mas deve chegar a 8 bilhões em 2028. Esse salto vai demandar milho, investimentos e com isso serão geradas novas oportunidades econômicas não só para a região Centro-Oeste, mas também para o norte associando economia, meio ambiente e impacto social.

Alexandre Godoy mostrou que a região Sudeste também pode produzir etanol de milho

Alexandre Godoy, da Fermentec, mostrou que os benefícios do etanol de milho não ficam restritos ao Centro-Oeste, por ser grande polo produtor de milho. No Sudeste também é possível integrar o milho na usina de cana, mesmo com o preço do grão nesta região ser o mais alto do Brasil. O milho escoado do Mato Grosso ao porto de Santos passa praticamente pelo quintal das usinas. Outro motivo é a evolução tecnológica que permite uma fermentação com alto rendimento, sendo a principal a StarchCane desenvolvida pela Fermentec que, entre as vantagens, trabalha com reciclo de leveduras e permite o funcionamento da usina também na entressafra da cana.

Ângelo Pedrosa, consultor da Vinculum Agro, procurou desmistificar a comercialização de coprodutos do setor sucroenergético pelas usinas brasileiras. O Brasil tem hoje mais de quatro mil estabelecimentos que compram matéria-prima para nutrição animal. Foram 74 milhões de toneladas de ração animal produzidas em 2019. São números que confirmam o potencial do mercado para a diversificação de produtos. Segundo Pedrosa, a estratégia de agregação de coprodutos do etanol de milho deve estar ligada a retirar o máximo de óleo, aumentar o nível e proteínas e o teor de leveduras e conclui afirmando que o Brasil ainda não explorou praticamente nada do que é possível fazer com a integração dos processos de cana e milho.

Painel Fermentações Inteligentes

O professor da Fundação Getúlio Vargas, Andriei José Beber abriu o segundo dia do Webmeeting alertando sobre o papel da inteligência nas organizações “as informações não caem de paraquedas, elas precisam ser capturadas. Precisamos desenvolver uma arquitetura de inteligência que seja flexível, nesse acompanhamento contínuo que os dados produzem e reconhecer as variáveis que são críticas” destacou o professor. Tudo isso levará ao direcionador de valor, o que me torna uma organização inovadora e diferente da concorrência “na riqueza de informação há uma pobreza de atenção. É nesta hora que a inteligência deve assumir seu papel”, afirmou o professor da FGV.

Fernando Henrique Giometti destacou o papel do GAOA na implantação da usina 4.0

Iniciando o conteúdo específico sobre fermentação, Fernando Henrique Carvalho Giometti resgatou as evoluções tecnológicas desenvolvidas pela Fermentec em mais de 40 anos (cariotipagem para a seleção de leveduras, DNA mitocondrial, leveduras personalizadas, controle de contaminação, metagenômica, fermentação com alto teor alcoólico). Nos avanços mais recentes, o destaque é o GAOA, que vai tornar as fermentações ainda mais inteligentes na implantação da usina 4.0. As ferramentas de inteligência serão cada vez mais imprescindíveis para orientar as decisões do processo e aumentar a eficiência industrial.

O painel também contou com a participação de convidados que falaram sobre os desafios enfrentados nas usinas e como o trabalho da Fermentec contribuiu para melhorar o desempenho industrial. Fernando Vicente, diretor industrial da usina Alta Mogiana, falou de forma bem humorada como a usina aumentou o rendimento da fermentação comparando a levedura com a esposa “a levedura, assim como a esposa, é feminina, é ela que escolhe a usina, além de ter suas qualidades e defeitos. Com o trabalho da Fermentec a usina adquiriu conhecimento e conseguiu compreender as características da levedura UAM-1, seus defeitos (espuma) e suas virtudes (pouca floculação e dominância) e o casamento vai indo muito bem até hoje, pois com a predominância da levedura personalizada foi possível aumentar o rendimento da fermentação, concluiu Vicente.

Daniel Ganzerli, gerente de engenharia da usina da Pedra, falou sobre as estratégias na ampliação da produção de etanol e o trabalho de modernização da unidade que começou em 2017. Utilizando tecnologias como o Altferm e o GAOA, a inteligência artificial da Fermentec, a usina da Pedra aumentou a produção de sacas de açúcar de 21800 em 2019 para 47 mil em 2020, elevação do teor alcoólico de 9,33% para 12,2%, o que reduziu o volume de vinhaça produzida, de 9,7 litros passou para 6,4 litros por litro de etanol.

Painel Açúcar

O professor da ESALQ/USP, Cláudio Aguiar, abriu o painel Açúcar do Webmeeting Fermentec destacando os desafios da indústria frente à realidade da colheita mecanizada. A cana crua levou impurezas para a indústria e, consequentemente, amido e dextrana, que impactam no cozimento e demais processos da fábrica. Por isso, o professor alertou para o monitoramento necessário na indústria para reduzir esses impactos na produção de açúcar.

Claudio Aguiar da ESALQ/USP: monitoramento na indústria é fundamental para reduzir impactos na produção do açúcar

Com o preço do açúcar batendo recordes e as usinas com o mix mais açucareiro, as melhorias no processo de produção são muito bem-vindas. Como melhorar o processo com baixo investimento? Murilo Vilela, da Fermentec, explicou como a metodologia de duas massas e meia pode aumentar a produção e melhorar a qualidade do açúcar. Vilela também falou sobre os equipamentos eficientes para a automação de processo, como a agitação de cozimento via torque, que otimiza a produção, contribuindo com a redução do consumo de vapor.

Luiz Anderson Teixeira, da Fermentec, encerrou o painel apresentando o índice de monitoramento da fábrica, novo parâmetro para diagnosticar destruição de açúcar que, via de regra, gera compostos com características ácidas. Por isso, o índice relaciona a acidez do mel com a sua pureza e terá a função de identificar se unidades industriais com acidez no mel final semelhantes e purezas distintas, possuem eficiências equivalentes na recuperação da fábrica de açúcar.

Painel Controle Analítico

Na última noite do Webmeeting Fermentec o controle analítico foi o tema central de todas as palestras.

Eduardo Borges, da Fermentec, explicou como é o laboratório do futuro, requisito para a implantação da usina 4.0. Um dos princípios mais importantes é a automação dos processos analíticos, com equipamentos que salvam os dados das estruturas computacionais e monitoramento de dados em tempo real. No laboratório do futuro só se mede o que deve ser medido e os analistas otimizam o tempo no laboratório com interpretação de análises mais complexas.

Fernando Eder Ré, da Fermentec, fez um comparativo das metodologias da prensa e do digestor e análise dos interferentes na quantificação dos açucares. Fernando fez uma análise das impurezas totais que aumentaram por conta da colheita mecanizada (minerais e vegetais), AR%Cana, determinações de AT_ART%CANA e eficiência industrial RTC (recuperado total corrigido), as diferenças registradas pelos métodos da prensa e do digestor e vantagens de cada um deles. As pesquisas seguem avançando analisando as usinas caso a caso para reduzir os interferentes.

As dificuldades enfrentadas pelas usinas para fazer medições foi o assunto da palestra de Eder Silvestrini, da Fermentec. Segundo ele, 40% das unidades clientes Fermentec têm problemas para fazer a quantificação do rendimento geral da destilaria, RGD, seja em amostragem de mosto, quantificação dos açúcares ou de volumes. Rendimento de fermentação e rendimento de destilação são etapas representadas no RGD. As dificuldades podem ser superadas com tecnologias para fazer boas quantificações. Por isso, ele destacou a importância do sistema de amostragem e sistemáticas de medição de volumes para medir o RGD com eficiência e apresentou cases de clientes que conseguiram melhorar suas medições.

Claudemir Ribeiro, da JW, explicou como a integração entre os equipamentos promoveu eficiência energética na produção de álcool

Na última palestra do Webmeeting Fermentec, Claudemir Ribeiro, da empresa JW, explicou a importância do controle industrial para produzir álcool com a qualidade esperada e como é possível fazer a destilação com eficiência energética. Com a integração entre os equipamentos é possível configurar a usina para fazer um melhor aproveitamento de vapor. Segundo Claudemir, só é possível manter a qualidade do álcool investindo em processos automatizados que garantem melhor controle do andamento da produção e métodos analíticos.

Encerramento

Ao final do grande debate, foi feita uma reflexão sobre todos os temas discutidos ao longo do Webmeeting pelo vice-presidente da Fermentec, Claudemir Bernardino “a inteligência empresarial está na capacidade de antecipar problemas e inovar diariamente, o que deve ser cultural, já estabelecido nas organizações. Nos 43 anos de história da Fermentec, mesmo nos períodos mais críticos, nunca abandonamos a pesquisa aplicada porque é esse valor que aumenta a eficiência industrial dos nossos clientes”, concluiu o vice-presidente da Fermentec.

Claudemir Bernardino “a inteligência empresarial está na capacidade de antecipar problemas e inovar diariamente”

Na revista do Webmeeting da Fermentec você confere artigos relacionados com as palestras e outras informações importantes do setor sucroenergético. Acesse e confira!