A Reunião Início de Safra de 2019 foi o evento dos recordes. 200 profissionais de 32 usinas de todo o Brasil, estiveram no Espaço Beira Rio, em Piracicaba, para conferir as novidades em pesquisas aplicadas pela Fermentec. Outro diferencial, segundo o presidente da Fermentec, Henrique Amorim Neto, foi a quantidade de inovações anunciadas durante o encontro “nunca tivemos uma reunião com tantas novidades. Lançamos duas ferramentas essenciais para a gestão da usina, o GAOA e o Benchmarking web, e apresentamos resultados de pesquisas muito interessantes, como a metagenômica de bactérias, um rastreio dos contaminantes que envolveu 22 usinas, análise de 28 bilhões de sequências de DNA e foi certamente um dos maiores estudos sobre contaminação do mundo”, explica Amorim.
No encerramento da reunião, o vice-presidente de transferência de tecnologia, Claudemir Bernardino, destacou o horizonte de oportunidades no setor com a previsão de produção de 49 bilhões de litros de etanol em 2030 e o apelo cada vez maior pela energia renovável “o Brasil está na vanguarda em biocombustíveis e as usinas devem estar preparadas para a diversificação da matéria-prima, como milho e soja e a Fermentec estará ao lado de seus clientes, fortalecendo cada vez mais as parcerias para antecipar as tomadas de decisão, diminuir os erros e perdas e potencializar serviços de pesquisas”, afirma Claudemir.
Lançamentos: inteligência artificial da Fermentec e Benchmarking web
Gestão Avançada e Operação Assistida. É o significado da sigla GAOA, uma nova dinâmica de trabalho da Fermentec com seus clientes baseada em inteligência artificial. As usinas geralmente trabalham com gestão reativa, ou seja, agem quando há um problema instalado. No entanto, oscilações de eficiência nem sempre se relacionam com as causas. Por não saberem a origem do problema, gestores acabam tomando decisões aleatórias em busca de solução. Fernando Henrique C. Giometti apresentou algumas funcionalidades deste método e mostrou um exemplo prático: uma análise que foi feita por um profissional experiente em seis horas foi executada pela plataforma em apenas 0,14 segundos.
O GAOA acompanha os processos em tempo real, tem precisão na análise de dados e informa ao gestor se os indicadores de momento se mantiverem, quais serão os resultados atingidos no final do dia. A imagem abaixo permite visualizar como funciona a plataforma e suas vantagens em diagnosticar o processo e tomar decisões rapidamente. O GAOA já está disponível no mercado.
Vídeo Fernando Henrique C. Giometti
Ainda falando sobre dados, João Gaya apresentou o Benchmarking web. A plataforma foi totalmente reformulada para oferecer aos clientes total liberdade para personalizar os filtros e obter os dados de acordo com o objetivo da unidade com gráficos apresentados em tempo real. O Benchmarking compara a média da usina com as da sua região e de todos os clientes, utiliza dados validados, padroniza a base de cálculo e possui o histórico das safras. Enfim, são diversas funcionalidades com impacto no trabalho nas usinas.
Guilherme Nastari e o horizonte do RenovaBio
O Brasil é o terceiro maior consumidor de combustíveis do mundo, mas é o país que mais utiliza energia renovável. Da matriz energética brasileira, 43% é renovável e o que estimula ainda mais esse setor internamente foi o desenvolvimento de um mercado consumidor, puxado sobretudo pelos veículos flex. Segundo Guilherme Nastari, da Datagro, o RenovaBio, um programa do Governo Federal de incentivo à indução de eficiência no setor, o país deve alcançar um novo patamar na produção de energia limpa “teremos um estímulo para a cogeração. As usinas vão oferecer uma diversificação de produtos além do etanol, como energia de biomassa e biogás. Portanto, a energia verde cada vez mais barata. O RenovaBio será um marco na eficiência energética em nível mundial”, conclui Nastari.
Evolução computacional descomplica uso do NIR
O NIR já foi usado no passado, mas agora está voltando com uma nova filosofia de trabalho entre as fabricantes, de acordo com Eduardo Borges. A Fermentec foi pioneira no mundo na utilização do NIR nas usinas. Antigamente, o espectro do NIR era algo difícil de ser interpretado, por isso o equipamento deixou de ser usado. Agora, com os avanços na informática é possível aproveitar todo o potencial desta tecnologia muito versátil, capaz de analisar vários parâmetros em diversos tipos de amostras, de forma rápida e simples. Os dados são gerados por quimiometria, junção da matemática, estatística e química “o NIR está mais acessível, já é realidade em muitas usinas do Brasil e pode gerar análises em tempo real”, afirma Eduardo Borges.
Metagenômica: o C.S.I. da contaminação bacteriana
Quem assiste às séries de investigação na televisão ou Netflix acompanha a saga da polícia para encontrar o suspeito de um crime. No caso das usinas, as bactérias são as criminosas a serem combatidas e seu processo de investigação é a metagenômica. Mário Lúcio Lopes conduziu uma pesquisa com amostras enviadas por mais de 22 usinas e a tornou um dos maiores estudos sobre bactérias do mundo. Para se ter uma ideia desta magnitude, foram analisadas mais de um bilhão de bases de DNA.
Metagenômica é uma metodologia que faz a identificação de bactérias sem a necessidade de cultivo e permite monitorar a ação da bactéria no processo, mapear os pontos de contaminação, avaliar prejuízos associados a elas, como doenças da cana, perdas de açúcar, corrosão, floculação, etc.
Na Reunião Início de Safra, Mário Lúcio apresentou dois cases que ilustram como a metagenômica é uma grande aliada para combater a contaminação, uma vilã inimiga do rendimento fermentativo. As duas bactérias a seguir foram identificar no estudo feito com a colaboração das usinas.
Leuconostoc mesenteroides
Bactéria que, quando consegue alcançar o mosto, produz dextrana ácido acético e láctico (inibidores da fermentação) e manitol. Essa bactéria pode causar sérios prejuízos ao rendimento da fermentação se não for controlada da forma adequada.
Pyrobaculum sp
Capaz de viver em uma temperatura entre 75 e 105 graus, a Pyrobaculum sp impacta diretamente a vida útil dos equipamentos da usina. Essa bactéria oxida o ferro e está relacionada à biocorrosão. Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, 3% do valor dos equipamentos das empresas são perdidos por ano por causa da corrosão.
“A metagenômica abre uma nova fronteira de descobertas para controlar a contaminação bacteriana nas usinas”, afirmou Mário Lúcio Lopes.
Elevação do teor alcoólico resolveu gargalo na produção
Os profissionais do setor já sabem que a fermentação com alto teor alcoólico reduz a produção de vinhaça e diminui a utilização de vapor e água. Mas o caso apresentado por Dinailson de Campos é incomum e revela o poder da tecnologia e de uma boa gestão dos processos na resolução dos gargalos da indústria. Uma usina estava recebendo uma cana com alta concentração de açúcar e para aproveitar a matéria-prima precisaria aumentar suas instalações com mais uma dorna. Esta unidade trabalhava com média de 8% de teor alcoólico e precisava reduzir o uso de água e de vapor. Para completar o cenário, sua produção de vinhaça era 100% escoada por caminhões.
Diante desta situação, a Fermentec fez ajustes no processo de fermentação e também propôs alterações na estrutura física das próprias dornas. Assim, a usina foi elevando seu teor alcoólico, que chegou a oscilar. Ao entrar na indústria uma cana com mais ATR o teor alcoólico se elevava “a estabilidade do processo e a sintonia com a agrícola foram fundamentais para o sucesso desta usina. A questão principal era saber quanto a agrícola conseguia entregar para fazer o ajuste na indústria”, afirmou Dinailson. O teor alcoólico desta unidade passou de 7,8% em 2017 para 8,5% em 2018.
Além de resolver o gargalo, aumentar a produção de etanol sem precisar ampliar o número de dornas, o teor alcoólico mais alto promoveu maior concentração da vinhaça. Foi um caminhão a menos de vinhaça saindo da usina por hora, o que representou uma economia de mais de R$ 3 milhões.