Melhorando a qualidade da matéria-prima no campo e na indústria*

Introdução

O uso da tecnologia nos canaviais, cujo benefícios vão além da área agrícola e impactam nos processos industriais, é cada vez mais foco de análise dos especialistas do setor sucroenergético. Tal fato deve-se, entre outros fatores, à necessidade de uma visão mais sistêmica do negócio com o objetivo de priorizar e otimizar os resultados sobre o investimento. O sistema de cana crua trouxe uma série de benefícios, isso é indiscutível, mas também alguns desafios e oportunidades. Um dos grandes desafios é como reduzir o teor de impurezas vegetais na colheita. Se por um lado há a necessidade de preservar o canavial, por outro lado existe a necessidade do aumento da eficiência. Encontrar o ponto ótimo entre eficiência operacional de colheita, redução de perdas agrícolas e redução de impurezas para cada talhão é uma tarefa quase impossível.

Objetivos

Como alternativas de manejo, foi levantada a hipótese do uso de herbicidas “seletivos”, isto é, que não ocasionassem danos à fisiologia das plantas de cana-de-açúcar, e nesse sentido foram iniciados os estudos com o herbicida Finale®, supondo que este pudesse atuar como desfolhante, facilitando o processo de colheita, transporte, processamento e industrialização de açúcar e etanol. Para testar essa hipótese, a BASF propôs um estudo multidisciplinar, envolvendo especialistas da iniciativa pública (Prof. Dr. Carlos A. Crusciol e equipe – UNESP/Botucatu) e privada (Fermentec), contando com o valioso apoio de cinco unidades processadoras de cana-de-açúcar do estado de São Paulo.

Material e métodos

Os trabalhos a campo foram conduzidos no início, meio e fim de safra, totalizando sete áreas experimentais.

Cada área possuindo entre 10 e 30 hectares e subdivididas em três tratamentos, correspondentes às épocas que antecederam o período de colheita de 28, 21 e 14 dias da colheita da cana, além da parcela testemunha. A dose de Finale® estudada foi de 4 L/ha + 0,25 L/ha do adjuvante Mees (metil éster de soja). As pulverizações foram realizadas com o auxílio de aeronaves agrícolas com uma taxa de aplicação estabelecida entre 30 e 50 L/ha de calda. Os parâmetros avaliados estão na Tabela 1 abaixo.

Tabela 1: Parâmetros analisados durante a condução do trabalho no campo e na indústria. Piracicaba/SP.

Resultados e discussão

Não foram observados efeitos negativos como dano ou morte da gema apical, brotação lateral e tampouco impacto na rebrota da soqueira, resultados que já eram esperados em função da característica do produto. Nas diferentes épocas de aplicação, não se observou diferença nas áreas do início, meio ou fim de safra. Já em relação ao período entre a aplicação e a colheita, não se observou interferência (negativa ou positiva) nas aplicações realizadas aos 14 e 21 dias de antecedência.

Em relação à eficiência de colheita e ao consumo de óleo diesel por área, percebe-se que há uma tendência de aumento de eficiência ou economia de combustível, entretanto esta variável é muito dependente das características do terreno (nivelamento, sulcação) e da variedade (porte, arquitetura e palha). Portanto é possível melhorias no processo, mas com ressalvas, já que cada área e cada unidade deve ser manejada conforme sua realidade. Por outro lado, há um impacto claramente positivo em relação às perdas visíveis na colheita, como cana inteira, toco, tolete e pedaços, que sofreram redução, em alguns casos, de 73% em relação às testemunhas de cada uma das áreas. Entretanto, o principal ganho no manejo com o produto Finale® foi observado pela redução da impureza vegetal. Este parâmetro foi constante nas avaliações em que a redução das perdas foi, em alguns casos, da ordem de 30% a 40% em relação ao tratamento testemunha sem aplicação. Diversas publicações na literatura demostram os prejuízos associados ao aumento no teor de impureza vegetal no momento da colheita, que vão desde diminuição na densidade de carga no transporte, passando por perdas na capacidade de moagem e extração, maior desgaste de equipamentos, problemas operacionais na caldeira e, por fim, impactos negativos no tratamento do caldo, processamento da cana e fabricação de açúcar e etanol. Ou seja, ocorrem impactos de maior ou menor monta em todo o sistema produtivo de cana-de-açúcar.

Conclusão

Toda tecnologia disruptiva necessita de um tempo para amadurecer. Sabemos que cada unidade agrícola tem suas particularidades e que também não temos todas as respostas para todas as situações, mas os resultados obtidos nesse trabalho nos levam a crer que estamos no caminho certo e diante de uma excelente ferramenta para ajudar a minimizar perdas e otimizar os resultados do setor canavieiro. Portanto, convidamos todos a experimentar.

*Conteúdo patrocinado pela empresa BASF