Na palestra de abertura da 33ª Reunião Anual da Fermentec, Maurílio Biagi Filho, da Energética Aroeira, afirmou que em meio a crise do setor sucroalcooleiro o maior desafio é a produtividade. Diante desta necessidade foram apresentados diversos avanços para aproveitar os recursos de forma racional e utilizar o que antes eram subprodutos para aumentar a produtividade.
Segundo Biagi, se antes a expectativa era a produção de 800 milhões de toneladas de açúcar, agora é de 500 milhões de toneladas. O Brasil foi ultrapassado pelos Estados Unidos na produção de etanol. Para Biagi essa crise teve um peso do setor e outro do governo. “No imaginário do consumidor abastecer com gasolina com a proporção de 70% ficou mais barato e, quando isso foi consolidado, o setor não se mexeu. O etanol tinha 50% do mercado e a venda continuou caindo sem que o sinal vermelho fosse aceso. Já o preço da gasolina é uma questão de governo, então tudo isso culminou para o cenário que temos hoje”, explicou Maurilio Biagi.
Já Fernando Vicente, diretor industrial da usina Alta Mogiana, trouxe o exemplo da unidade que está se preparando para mudanças futuras e investindo na redução do consumo de água. Quando entrar em vigor a cobrança pelo uso da água em todo o Estado de São Paulo será cobrado um centavo por metro cúbico captado e dois centavos por metro cúbico não devolvido. Por isso a usina agora tem um profissional só para fazer a gestão de água e acompanhar o consumo por meio de 21 hidrômetros instalados na indústria. “Vislumbramos futuramente poder tratar a água residual da vinhaça para utilização, mas precisamos avaliar o investimento”, afirma Vicente.
Sobre a vinhaça, Vinícius Rocha, da USP de São Carlos, apresentou uma pesquisa sobre a possibilidade da produção de metano a partir do resíduo da fermentação. Segundo Rocha, um litro de etanol gera 12 litros de vinhaça. A cada litro de etanol pode se obter o equivalente energético de 20% do etanol de vinhaça. A produção de metano não afetaria a fertirrigação que poderia ser feita normalmente.
Outro subproduto que sofreu mudança de conceito e ganhou status de matéria-prima foi o mel final. Rudimar Cherubin, da Fermentec, mostrou que é possível fazer uma fermentação eficiente com mel e água, desde que sejam avaliados alguns parâmetros, não só a pureza. O ácido, por exemplo, causa efeitos nas leveduras. Dependendo do tipo e da concentração pode afetar o crescimento da levedura e reduzir a produtividade na indústria. Alguns ácidos são oriundos da cana, como o aconítico, presente principalmente em canas imaturas. Há também os ácidos formados durante a produção do açucar. No meio ácido, há a inversão da sacarose e em meio alcalino há a destruição do AR. Portanto a estabilidade do pH e o controle de temperatura e evaporação no cozimento são boas práticas.
Uma outra forma de aproveitamento que está ganhando espaço no campo é a utilização do sorgo sacarino para a produção de etanol. A principal vantagem do sorgo é sua produção na entressafra e várias pesquisas estão sendo feitas na fermentação, conforme apresentou Dinailson Correa de Campos, da Fermentec. Para tornar a produção viável é preciso desenvolver as tecnologias para aproveitar melhor o açúcar nas folhas e nas pontas, trabalhar com 13% de ART, entre outros. A boa notícia é que o açúcar do sorgo não causa nenhum problema para a levedura se multiplicar e por isso a fermentação pode ser viável economicamente no futuro.
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